Directo para o
lixo. Todo o meu nervosismo e impaciência cresceu nas últimas 2 semanas, cultivado pela falta de respostas. Fui deitado directamente para o lixo, rodopiando na borda do balde como
um lançamento de três pontos do Kobe Bryant. Sem a mínima hipótese de um olá,
de um o que tens feito até agora, ou sequer de um és um merdas. Nada. Zero. A
minha inquietante busca por algo melhor ainda não frutificou. A primeira leva
esfumou-se por completo sem dar qualquer sinal. Nem uma chamada. E todos os
dias sufoco, mais um pouco, com a fatídica pergunta de “Então, há novidades?”.
Um optimista
sonhador por excelência imagina sempre que a mais remota hipótese vai surgir
quando menos se espera e que me vai transportar para outras paragens. Sonho que
o telefone poderá tocar a qualquer momento ou que o plim do e-mail surja
enquanto se escrevem linhas para outros. Ridículo. Mesmo que te esforces para
mostrar o que é feito de ti, outros não se esforçam para ver de que és feito.
Não pedia que me
convidasses a sentar para falar durante meia hora. Só pedia meia dúzia de
linhas para o meu e-mail. Provavelmente nem tanto. Duas linhas chegavam-me. Ou
até 1 minuto pelo telefone. A tua agência tem pacotes empresariais de minutos,
lembras-te?
Assim como
estamos, é mais difícil ir lá abaixo ganhar forças para continuar. Assim como
estamos, sem uma única palavra, sem um único relatório de entrega, torna-se
mais difícil para mim enfrentar o mês que vem. Os meses que vêm. Assim como
estamos, eu não estou.
Um dia, alguém sábio perdeu 2 minutos comigo para me dar um conselho. Resumiu-me de forma bastante prática o que acontece sempre que recebes um portfolio. Confidenciou-me que "não gostam de responder 'Estou fudido de trabalho' mientras
batem punheta...”. A ti, digo-te eu: Não te esqueças que já foste habitante desta
aldeia onde estou E na altura, havia pomares, hortas e gado. Os tempos eram prósperos.
Se estás onde estás, a viver na grande cidade, nos prédios altos e nas filas de
trânsito, é porque alguém te recebeu e te deu força para continuares.
Não me
castres o sonho. Não me dilaceres as pernas. Eu sou doente. Sofro de
criatividade claustrofóbica.
1 comentários:
vou começar a escrever, mas não prometo que isto vá dar meia duzia de linhas de jeito: e então grande compadre criativo claustrofóbico? também eu estou farto de mandar correspondência sem correspondência, mas descobri novas formas de estar, que os humanos desconheciam até hoje, a hibernação,
acho que vou falhar uns 400 pôr-do-sol, mas depois quando acordar de novo já estamos num país cheio de pomares, hortas e gado. boa sorte
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